Deixem em paz a floresta, o que dela resta.
Ouçam o urro de seus felinos inquietos,
A linguagem canora de seus meninos morenos,
tranqüilos, ribeirinhos.
Deixem a vida viver do seu jeito.
Deixem os pássaros risonhos
alimentarem seus filhos, nos ninhos.
Que os tratores e moto serras
Apodreçam, virem esterco no solo.
Deixem em paz o lábaro estrelado
E todas as sinfonias de seus animais
E o murmúrio de profundos recantos.
Queremos ouvir o canto da seriema,
O cantar do jacu, de galho em galho,
Queremos que vivam as tribos e povos da floresta.
Vivendo em paz em sua terra,
Cultivando sua cultura, falando em seu idioma.
Chega de rapinagem bandeirante!
Suas entradas e bandeiras
de gana, ira, cobiça e violência.
O lamento do Bico-Vermelho.
O resmungo da Arara-Canindé.
Que o Urutau-Grande te assuste.
O Uirapuru enterneça teu coração de pedra
na Semana de Arte Moderna, que ainda perdura.
Que a Amazônia desvairada
assombre homens escravizados pelo dinheiro
em suas confrarias, perversas corporações.
Que essas almas famintas
enlouqueçam em seus palácios de cristal
com seu ouro de Midas, em sutil desespero,
e deixem em paz a floresta.
José Julio de Azevedo, 20.08.2011
http://www.xinguvivo.org.br/
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