segunda-feira, 1 de abril de 2013

ATEISMO e LIBERDADE


IGREJA CRISTÃ E PROSELITISMO ATEU

Regime ateu na URSS: 70 milhões de vitimas, segundo
 o escritor Aleksandr Solzhenitsyn no livro "Arquipelago Gulag"
 
 Cedi enfim admitindo que Deus era Deus, e ajoelhei-me e orei: talvez, naquela noite, o mais deprimido e relutante converso de toda a Inglaterra. Não percebi então o que se revela hoje a coisa mais ofuscante e óbvia: a humildade divina que aceita um converso mesmo em tais circunstâncias” (C.S.Lewis – “Surpreendido pela Alegria”)


 O ateísmo, como movimento ideológico e filosófico – crente de que “o homem é a medida de todas as coisas” – conforme reza o modernismo - parece empreender uma verdadeira cruzada anti-religiosa, tentando minar a fé das pessoas com seu racionalismo obsessivo e, quiçá, desesperado.
 
Por exemplo, o jovem autor do livro “Ateísmo & Liberdade”, André Cancian, afirma: “Desfecho críticas à religiosidade e à religião, pois as julgo como algo extremamente pernicioso – um grilhão, uma verdadeira travanca ao progresso do conhecimento humano. Fazer da credulidade irrestrita, desse fechar-os-olhos par excellence – mais conhecido como fé – uma virtude foi a mais indecente perversão já perpetrada contra a liberdade humana”. Flui desse modismo editorial uma verdadeira maré de publicações que tentam vulgarizar o ateísmo como o caminho certo para uma humanidade “oprimida pelos religiosos”.

O jornalista britânico Christopher Hitchens publicou um livro chamado “deus não é GRANDE”. Afirma ele: “Se eu não posso provar definitivamente que o sentido da religião desapareceu no passado, que seus livros fundamentais são fábulas transparentes, que é uma imposição criada pelo homem, que tem sido inimiga da ciência e da pesquisa e que sobreviveu principalmente de mentiras e medos e foi cúmplice da ignorância e da culpa, bem como da escravidão, do genocídio, do racismo e da tirania, eu quase certamente posso afirmar que a religião hoje está plenamente consciente dessas críticas. Também está plenamente consciente das provas cada vez mais numerosas, referentes às origens do universo e à origem das espécies, que a relegam à marginalidade, quando não à irrelevância”. Manipulando palavras e citando a pseudo-ciência (como a teoria de Charles Darwin – que por não encontrar sustentação continua apenas como teoria e não verdade cientifica comprovada) não apenas nega Deus, nega o valor da maioria das religiões – que buscam na transcendência não apenas a origem da realidade e da vida, como também o sentido da existência humana.

O biólogo Richard Dawkins, considerado um dos papas do ateísmo, publicou no ano passado o livro “Deus – Um delírio”. Em seu fanatismo racionalista ateu compara a “educação religiosa ao abuso infantil”. Vai mais além, conforme uma sinopse da editora: “Em 'Deus, um delírio', seu intelecto afiado se concentra exclusivamente no assunto e mostra como a religião alimenta a guerra, fomenta o fanatismo e doutrina as crianças. O objetivo deste texto mordaz é provocar os religiosos convictos, mas principalmente provocar os que são religiosos 'por inércia', levando-os a pensar racionalmente e trocar sua 'crença' pelo 'orgulho ateu' e pela ciência”. Na verdade esse ateísmo proselitista parece firmar-se, cada vez mais, ironicamente, como uma nova religião – como mostra outra obra, “Tratado de ateologia”, de Michel Onfray: “Deus não está morto nem moribundo – ao contrário do que pensam Nietzsche e Heine. Nem morto nem moribundo porque não mortal. Uma ficção não morre, uma ilusão não expira nunca, não se refuta um conto infantil”. Há, desde há muitos anos, uma verdadeira guerra às tradições judaico-cristãs, cuja difusão deu origem a civilização ocidental, fantásticas conquistas na ciência e elevando a dignidade humana através de valores éticos e morais – que muitos querem banir da consciência humana porque confrontam pressupostos da velha e decadente condição humana. Em sua obra “Civilização em Transição”
C.G.Jung lembra a Revolução Francesa como “não tanto uma revolução política mas muito mais uma revolução dos espíritos, uma explosão generalizada da energia armazenada pelo iluminismo francês”. Observa: “A primeira destituição oficial do cristianismo pela Revolução deve ter causado uma profunda impressão no pagão inconsciente que existe em nós, pois desde então ele não teve mais sossego. E, desde então, a descristianização da cosmovisão fez rápidos progressos”.

Não podemos negar, no entanto, que a religião, em si, como prática humana, é sujeita a erros e manipulações – que tem ocorrido na História.
Vemos, no entanto, como a Bíblia, revelando a presença de Deus e sua vontade – intervindo na História e na vida de seus personagens – não esconde as misérias da condição humana, nem a fragilidade e pecados de seus heróis. Nesse sentido confronta os mitos, fantásticos e manipuladores, da tão celebrada Grécia, pelos racionalistas, e sua cultura.
Quando a religião, como instituição humana, se afasta dos preceitos áureos das Sagradas Escrituras, torna-se em inimigas da verdade – e é fato que isso vem ocorrendo através dos séculos. No entanto a verdadeira Igreja de N.S.Jesus Cristo vem prevalecendo há mais de dois mil anos, mesmo que em meio ao trigo haja muito joio – como alertou Jesus a seus discípulos: “Pelos frutos os conhecereis”.

Os teóricos do ateísmo, em sua vertente que ostenta nomes como Sigmund Freud, Friedrich Nietzsche, David Hume, Henry L. Mencken, Arthur Schopenhauer, Mikhail Bakunin, Sebastièn Faure, Bertrand Russell, Richard Dawkins e Geoffrey Miller, vêm influenciando uma nova safra de niilistas, nessa cruzada contra a realidade da fé – tentando desconstruí-la na mente nas novas gerações utilizando falsos pressupostos.
Se há grandes contradições no seio de instituições religiosas esse fato não limita o poder, a presença benéfica e salutar para a vida das nações. Cremos e defendemos o valor da mensagem do Evangelho de Jesus Cristo, que coaduna com os ideais mais elevados da consciência humana – criada à “imagem e semelhança de Deus”. Jesus também se referiu aos inimigos da fé, que combateriam utilizando os mais diversos meios. Desde seus primórdios a Igreja de Cristo foi martirizada pelos seus opositores: Vários apóstolos, muitos pais da Igreja, quase toda a geração de crentes, no primeiro século, os protestantes, no Século XVI, foram alvos do ódio irracional de potentados terrenos. A gloriosa galeria dos mártires continua a fulgurar heróis da fé em pleno século 21 (dois missionários coreanos, por exemplo, foram sacrificados por grupos fanatizados no Afeganistão, há alguns meses – porque expressavam com serviço seu amor a Cristo e ao seu semelhante, em ações humanitárias). Nunca, porém, ouvimos dizer que houveram pessoas martirizadas por defenderem o ateísmo e seus ideais de uma vida sem Deus!

Por outro lado a filosofia, desde o advento da equação hegeliana, vem influenciando uma geração para a qual nada faz sentido e o vazio deve ser preenchido pelo hedonismo e crescente sede de um consumismo desesperado – fortalecendo a indústria das drogas e da violência, bem como um consumismo que degrada os ecosistemas.Devemos também lembrar que Jesus ensina à prática da fé, expressa através de um novo estilo de vida, não mais guiado pela velha natureza, nem sustentado por hierarquias tradicionais. Propôs um modus vivendi cuja máxima resumiu em dois preceitos: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, com todas as tuas forças, com todo teu entendimento, e, amarás a teu próximo como a ti mesmo”.Desde seus primórdios a Igreja cristã tornou-se o seio de todos os excluídos: escravos, presidiários, assassinos arrependidos, mulheres discriminadas, crianças desamparadas, mendigos e aflitos, doentes e endemoninhados. Jesus disse para um grupo de religiosos: “Eu vim para dos doentes e não para os que não necessitam de médico” – negando a auto-suficiência humana que, presa a rituais, negava o verdadeiro culto a Deus.

Jesus observou as multidões como rebanhos sem pastor e atribuiu a seus discípulos o nobre papel de liderar os povos desamparados de todas as nações.
A humanidade não pode se esquecer dos horrores causados pelo ateísmo de Estado: Milhões de mortos, assassinados, deportados e submetidos a campos de concentração, na Rússia e países do leste europeu – que até hoje é assombrado pelos seus traumas. Milhões de judeus foram exterminados barbaramente por um regime soberbo liderado por um homem sem temor a Deus, chamado Adolf Hitler. Jesus garantiu a vitória a seus seguidores: “Edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.
Devemos, pois, entender um princípio básico: A Igreja cristã transcende às denominações religiosas; ela deve se responsabilizar pelas falhas de seus seguidores, porém não pode ser responsabilizada pelas mazelas de instituições ou de governos apenas nominalmente “cristãos” – porque as instituições passam, mas a Igreja (o Corpo místico de Cristo) prevalece, sendo continua e crescentemente consolada, perdoada, santificada e glorificada.
A Igreja de Cristo é caracterizada por aquele que nega a si mesmo em benefício do próximo; é aquela que oferece a outra face e não revida a acusações e afrontas; é aquela que chora pelos seus mártires, mas não martiriza ninguém; clama pela justiça, mas não apela para a violência para fazer valer algum direito. Sua missão é ser sal da terra e luz do mundo – o amor é seu motivo e o serviço abnegado o coração de seu Evangelho. Vive para a glória de Deus e é essencialmente livre pois “onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade”.
Devemos nos aliar aos ateus na denuncia a injustiça e a barbárie, ao fanatismo intolerante e a discriminação – sem, no entanto, abrir mão da liberdade de reafirmar nossa fé e prosseguir na missão de fazer discípulos para Cristo.
Os estados que se autodenominaram ATEUS foram os que mais fizeram vítimas no século 20, e continuam neste século, como é o caso da Coréia do Norte - cujas atrocidades a cristãos não aparecem na grande imprensa ocidental. União Soviética, Romênia, entre outras foram ditaduras perversas. Os ateus da Europa são mais civilizados por estarem submersos na mentalidade cristã, de onde extraem força espiritual para sobreviver e combater a cultura cristã, que os beneficia.

 
José J. de Azevedo/Bacharel em Teologia

 

segunda-feira, 2 de abril de 2012

O STF, o STJ e a exploração sexual de crianças no Brasil




Cabe indagar diante dos fatos: haveria um conluio com a rede internacional de exploração sexual de crianças e adolescentes? Haveria, em bastidores, um covil articulando a liberdade – e incentivo! - a prática legalizada da pedofilia? Essas inquietas e angustiantes perguntas estão sendo feitas por muita gente boa do nosso País, em função de decisões oriundas de meritíssimos juízes que ocupam os mais altos cargos do Poder Judiciário, no Brasil. A bomba explodiu na mídia, impressa e virtual, com a notícia de que um réu foi acusado de ter estuprado três menores, todas de 12 anos. Tanto o juiz que analisou o processo como o tribunal local o inocentaram com o argumento de que as crianças "já se dedicavam à prática de atividades sexuais desde longa data”. Os meritíssimos não indagaram sobre quem induziu essas crianças à sexualidade precoce - outro pedófilo, com certeza! Se milhares de casos de pedofilia ocorrem em nosso País, em clara negação da Constituição Brasileira e do Estatuto da Criança e do Adolescente, agora passam a ter jurisprudência?
O Brasil, vergonhosamente, já é afamado na Europa decadente em função do chamado “turismo sexual”. A prostituição de menores virou um negócio milionário, que envolve desde rede de hotéis, empresas de transporte e de turismo, agentes de viagem, etc. Agora, como o uso e abuso da carne de menor, barata, têm respaldo em decisões oriundas do Supremo Tribunal Federal no Superior Tribunal de Justiça – essa fama maldita atrairá ainda mais o bloco da perversão que cresce, tanto entre doutores como entre empresários bem sucedidos e em outras classes. Mais um atentado a sucatização da vida e da alma humana!
Para a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre estupro de vulneráveis “é uma afronta ao princípio da proteção absoluta de crianças e adolescentes, garantido pela Constituição Federal”. A Terceira Seção da Corte considerou que atos sexuais com menores de 14 anos podem não ser caracterizados como estupro, de acordo com o caso. Na opinião do presidente da ANPR, o procurador regional da República Alexandre Caminho de Assis, “a decisão é um salvo conduto à exploração sexual”. O tribunal pressupõe que uma menina de 12 anos estaria consciente da liberdade de seu corpo e, por isso, se prostitui. Isso é um absurdo, disse à Agência Brasil. Essa história maldita do STJ é uma reafirmação do entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a questão. Em 1996, o ministro Marco Aurélio Mello, relator do habeas corpus de um acusado de estupro de vulnerável, disse, no processo, que presunção violência em estupro de menores de 14 anos é relativa: "Confessada ou demonstrada o consentimento da mulher e levantando da prova dos autos a aparência, física e mental, de tratar-se de pessoa com idade superior a 14 anos, impõe-se a conclusão sobre a ausência de configuração do tipo penal".
Toda essa argumentação falaciosa pode resultar nocivamente contra a família e a dignidade humana, especialmente de indefesos sujeitos a ação sedutora e coercitiva de mal-intencionados e/ou exploradores da prostituição infantil – ficando mais fácil dominação da Nação pelo fato de atentar com violência, sutil ou não, contra a saúde física, mental e moral das crianças e adolescentes. Num país de tantas desigualdades e corrupção impunes – muitas vezes amparada em brechas legais e suas jurisprudências – o ônus da desonestidade e cambalachos bilionários recai sobre as populações marginalizadas do marginal e mal disfarçado regime de apartheid brasileiro. Nessas circunstâncias o mau exemplo cai como uma luva entre os injustiçados do nosso País – que cada vez mais se afasta da civilidade para cair nos conceitos e preceitos do pós-modernismo e do relativismo, ceva para a ação de traficantes de drogas, contrabandistas de armas, bebidas e cigarros, etc., e, claro, cafetões de crianças rejeitadas, mal-amadas e desprezadas não apenas por pais irresponsáveis mas também por uma elite soberba em seus sonhos de “liberdade sem limites”.
Também a Ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, manifestou indignação com a decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) sobre estupro de vulneráveis: "Ao afirmar essa relativização usando o argumento de que as crianças de 12 anos já tinham vida sexual anterior, a sentença demonstra que quem foi julgada foi a vítima, mas não quem está respondendo pela prática de um crime", disse a ministra. A decisão do STJ diz respeito ao Artigo 224 do Código Penal, revogado em 2009, segundo o qual a violência no crime de estupro de vulnerável é presumida. De acordo com a ministra, “o Código Penal foi modificado para deixar mais claro que relações sexuais com menores de 14 anos é crime”.
A CPI da Violência contra a Mulher, integrada por deputados e senadores, aprovou na quinta-feira, 29.03, nota de repúdio contra a decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) de inocentar um homem acusado de estuprar três meninas de 12 anos que se prostituíam. Os membros da CPI vão encaminhar a nota aos ministros do STJ para pedir que o tribunal reveja sua decisão. Na nota, os membros da CPI afirmam que a decisão "afronta os direitos fundamentais das crianças, rompe com sua condição de sujeito de direitos e as estigmatiza para o resto de suas vidas". A nota de repúdio reafirma que “É impensável que uma criança de 12 anos ou menos (já que viviam há muito tempo na prostituição) possa nela ter ingressado voluntariamente. Esquece-se a ministra Maria Thereza que a prostituição de jovens no Brasil é fruto da violência, da exploração sexual e de sua condição de vulnerabilidade". 1
O Congresso Nacional também repudiou a infeliz decisão da juíza: “a Comissão de Direitos Humanos do Senado decidiu apoiar nota divulgada ontem pela ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) contra a decisão do STJ”. Maria do Rosário disse que pedirá providências ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e ao advogado-geral da União, Luiz Inácio Adams – para forçar a reversão da decisão do STJ.
O Senador Magno Malta, o segundo senador mais votado no País, nas últimas eleições, célebre por expor as entranhas do narcotráfico, na CPI que presidiu, também repudia essas decisões: “Há muita violência contra a família. Essa decisão do STJ, ninguém pode aceitar isso! Você pode dirigir bêbado, matar crianças e deixar pessoas paraplégicos ou tetraplégicos que o bêbado está certo. Ele pode transgredir a lei, se não quiser fazer o bafômetro ele não faz. Outra decisão: Solta o pedófilo porque essas meninas de 12 anos que ele abusou, que ele estuprou, já estavam vadiando na rua. Isso é o fim do mundo! Uma decisão de uma corte superior! Isso é uma afronta à família, uma afronta à vida, uma afronta a Deus... são crianças! Se tem uma menina na rua, vendendo seu corpo, é porque alguém mexeu na sexualidade dela ainda na tenra idade. Aflorou a sexualidade dela, e ai vem o malandro com carro bonito, chama, põe dentro do carro, abusa, a polícia prende, faz inquérito, o Ministério Público denuncia. Chega [o processo] no Supremo e ele diz [decide] que ele está certo e que ela já era vadia na rua! Ministro, pelo amor de Deus: É preciso nos respeitar! Respeitar a sociedade, respeitar a família... até porque o ministro não está à cima de Deus, não está nem perto de Deus. Por isso nós precisamos reagir!”.


O caso vem repercutindo internacionalmente. Conforme o noticiário, eis o pronunciamento de Amerigo Incalterra, representante do Escritório Regional para a América do Sul, do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos: É impensável que a vida sexual de uma criança possa ser usada para revogar seus direitos”. Segundo o representante da ONU, a decisão do STJ contradiz os tratados internacionais de direitos humanos já ratificados pelo Brasil. Para ele, “a decisão do STJ abre um precedente perigoso”.

Errar é humano, porém persistir obstinadamente no erro, especialmente quando se trata de crianças e adolescentes, revelaria insensatez. Cabe ao Presidente e Ministros do STF avaliarem esses fatos recentes de forma a corrigir decisões de magistrados que contrariam a Carta Magna do Brasil, sua Constituição Federal que agridem em vão em oposição a consciência sadia e lúcida para dar lugar, não mais a liberdade, mas a libertinagem. Queremos crer que a mais alta Corte, que via de regra opera em profunda sintonia com a Lei, não se curvaria a decisões que favorecem o autoritarismo e o arbítrio.

(José J Azevedo, 14.04.2012)

1 No final de 2010, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) publicou um estudo onde identificou 1.820 pontos de prostituição de crianças e adolescentes nas rodovias brasileiras. Desses, a maioria –545 ao todo– estava no Nordeste. Por questões estratégicas, a PRF não informou os locais com principais focos de atuação dos criminosos.

sábado, 10 de março de 2012

BREVE BIOGRAFIA DE BOB DYLAN




Nos anos 60 um jovem de Minnessota, chegava à Nova York, com seu violão e sua gaita de boca. Robert Zimmerman, nascido em 24.05.1941, era seu nome. O mundo o conheceria como Bob Dylan. Suas primeiras apresentações de música folk logo chamaram a atenção de um famoso crítico do New York Times, que reconheceu seu talento. Dylan grava seu primeiro LP em 1961 e mais tarde estoura nas paradas com Blowin`in the Wind, canção que se tornaria hino do movimento pelos direitos civis – liderado, então, pelo pastor Rev. Martin Luther King. As canções de Dylan passaram a embalar sonhos de liberdade da juventude. Sua poesia marcada pela atualidade denunciava o militarismo, corrida nuclear, a hipocrisia. Encontrava seus temas nas ruas e manchetes de jornais. Comportamento arredio, modos anticonvencionais e zêlo em preservar-se da mídia, formavam o mito, a lenda. Nos anos 80, falando sobre a crescente decadência da música pop, o rock, transformado por corporações em negócio sujo e consumista, Dylan comentou: "A verdade sobre qualquer coisa nessa sociedade, como você sabe, é ameaçadora. A fofoca domina. É como se consciência fosse uma palavra suja". Para ele, a música que empurram para a juventude gera comportamento medíocre e alienado: "..tudo é muito comercial como um polvo que se esparrama, tudo parte do sistema. Às vezes você se imagina como se vivesse no filme Invasores de Corpos, e a gente fica pensando se já foi apanhado, se já se tornou um deles".








Boby Dylan ensinou a seus ouvintes um caminho na contra-mão do oportunismo. Para ele, arte tem a ver com integridade: "Não tinha nada a ver com compor, fama, fortuna... Entende o que eu quero dizer, podia tocar num teatro, na traseira de um caminhão, numa boate, ou na rua, tanto fazia... Cantar a música, contribuir com alguma coisa que valesse a pena, e pagar minhas despesas no caminho".
Um herói? Ele diz: "Penso num herói como alguém que compreende o grau de responsabilidade que vem com a liberdade... Enfrentar uma multidão com meu violão é uma das coisas mais heróicas que posso fazer". Afirmou: "Não acredito que a psiquiatria ajude ou já tenha ajudado alguém. Acho que esta é uma grande fraude com o público. Bilhões de dólares trocaram de mãos, e poderiam ter sido usados para propósitos melhores". Sobre drogas ele declarou: "Eu nunca tive nada a ver com o charme das drogas. Aquilo foi uma coisa dos beats, não minha...o drogado não é o problema. O drogado é o sintoma, não o problema...como o Dr. Freud diria".
A tradição judaica da família deu a Bob Dylan, preciosa referência espiritual, visível em sua biografia. Quando os Beatles buscavam em indus e maharishis os gurus para suas jornadas psicodélicas, Bob Dylan viajava para Jerusalém, visitando o muro das lamentações. Quando os Rolling Stones cantavam "Simpatia ao demônio", ele declarava-se cristão. Nesse período gravou três preciosos long-plays no estilo da gospel music. Aos 39 anos viveu a mais marcante experiência de sua vida. Na ocasião, afirmou: "O mais engraçado é que muitas pessoas pensam que Jesus só entra em nossa vida quando estamos por baixo, infelizes, ou simplesmente velhos e à espera do fim. Mas não foi isso que aconteceu comigo. Eu estava numa ótima. Minha carreira tinha tomado novo impulso, em 1978, quando um grande amigo meu teve uma conversa muito profunda comigo, e uma das coisas sobre as quais falou foi Jesus". Dylan, então, foi apresentado a dois pastores, aos quais perguntou: "O que é o Filho de Deus, o que significa tudo isso? E o que significa morrer pelos meus pecados?". Passou a acreditar que Ele é real: "Eu sabia que Ele não iria entrar na minha vida para torná-la infeliz...até que tive esta sensação, esta visão e sensação". Nessa época gravava "Slow train coming", nítida influência do Evangelho, um apaixonado testemunho em nome da salvação, devoção e doutrina cristã – escreveu um crítico.
Sobre religião ele disse: "Para mim, o mais importante é entrar em contato com Jesus Cristo. Ele nos guiará. O pregador autêntico é aquele que diz: Não siga a mim, siga a Cristo!. Eu passei por uma experiência de autêntico renascimento, se você quiser chamá-la assim... Um dia, eu estava dormindo, e de repente dei um pulo da cama, às sete da manhã, e senti que uma força maior me impulsionava a vestir uma roupa e ir até ao curso de Bíblia. Eu já tinha aceito Jesus em meu coração, mas não havia falado com ninguém sobre isso, porque sentia que a reação seria de não me levarem a sério. A maior parte das pessoas que conheço não acredita que Jesus ressuscitou, que Ele está vivo, mas eu já havia deixado de pensar assim".
Bob Dylan, sempre firme no compromisso com a liberdade e respeito aos admiradores de sua música, declarou: "Quando passeio por algumas das cidades incluídas nas turnês, no entanto, fico totalmente convencido de que as pessoas precisam de Jesus. Basta ver o número de viciados, alcoólicos e neuróticos. Trata-se de manifestações de uma doença que pode ser curada num minuto. Mas o poder constituído não permite que isso aconteça. O poder constituído diz que a cura deve se dar politicamente". Bob Dylan completou 70 anos, em maio de 2011, e continua em boa forma, sempre criativo e exigente no exercício de sua arte. Este ano visita o Brasil mais uma vez! (José J Azevedo)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

VEJA COMO FUNCIONA O APARTHEID NO BRASIL



O que caracterizou o regime de separação entre brancos e negros, na África do Sul, foi a imposição de uma política discricionária e segregacionista – pela imposição de leis do governo do Partido Nacional. A maioria da população, de 1948 a 1994, era desconsiderada em sua cidadania, tendo seus direitos negados pela mentalidade nazi-fascista da elite governante, no poder. No Brasil esse regime, o apartheid, sobrevive com vigor numa clandestinidade ostensiva e deprimente – porém real como esta folha de papel.
Após as eleições gerais de 1948 foram impostas leis que impunham a segregação entre negros, indianos, de um lado e brancos, em áreas residenciais separadas – com remoções forçadas. Para os negros o atendimento de saúde e educação, como outros serviços públicos era inferior ao dos brancos. Esse fato gerou violência e o aparecimento de uma liderança e revoltas populares. Vários países passaram a uma política de embargo comercial com a África do Sul, em função da discriminação oficial – que atentava contra a política dos direitos humanos da ONU – Organização das Nações Unidas. Líderes anti-apartheid passaram a ser presos e a repressão policial aumentava frente a manifesta insatisfação popular.
Infelizmente o Brasil cultiva, extra-oficialmente, uma política segregacionista, socialmente atrasada em sua legislação e violenta em seus fidalgos costumes. O apartheid é real e suas conseqüências são dramáticas. Estão nas estatísticas e fazem do nosso País um dos mais violentos do mundo. As barreiras são geradas pela grana, pela exclusão e pela indiferença. Nessas condições a burocracia medra como parasita.
Grande parte da população, nas últimas décadas, foi forçada a migrar para as metrópoles – despreparadas para receber milhões de pessoas. Em função dessa realidade dezenas de milhões de pessoas vivem em lugares insalubres, convivendo com o lixo, a falta de saneamento e em regiões de risco. Forçada a desvincular-se de suas tradições culturais e de seu modo de viver em maior harmonia com o meio-ambiente. O fruto da falta de planejamento e vontade política conduz grande parcela da população para a marginalização – o caminho mais curto para a marginalidade.
Apesar de cada brasileiro médio pagar compulsoriamente cerca de 40% de sua renda, em impostos, a desigualdade na distribuição de renda e de serviços públicos é gritante. O mau exemplo de personagens dos três poderes, a impunidade, levam o país a identificar-se ao apartheid sul-africano – demolido na legislação atual, porém ainda sobrevivente em função de condições sociais de muitos de origem africana.
A população, além de morar mal, muitas vezes se vê obrigada a ocupar áreas de verdadeiros grilos urbanos - como o do Pinheirinho atualmente nas mãos da massa-falida de uma empresa do especulador libanês Naji Nahas, flagrado na Operação Satiaghara da Policia Federal – a população oprimida no interior do Brasil, que veio às grandes cidades, sofre pelas deficiências na educação de suas crianças, no atendimento de saúde, no saneamento – vivendo em meio a valetas abertas, córregos poluídos; subempregados e geralmente vistos como suspeitos pela polícia.
Dezenas de milhares que caem na delinqüência pagam caro, mofando em cadeias, distritos policiais e penitenciarias – de forma precária, que atenta contra a dignidade humana. Raros são os que podem estudar e trabalhar, nesses estabelecimentos penais, e grande parcela volta para as ruas mais escolada no crime, e mais revoltada. Talvez milhares de detentos devessem estar em tratamento psiquiátrico – porém são tratados como bandidos comuns.
No Brasil do apartheid real uma casta de corruptos e corruptores, bem assessorada pela advocacia, através de regimes autoritários ou democracias de fachada, deitam e rolam nas brechas da legislação e nos expedientes soturnos de bastidores mal-assombrados, em iniciações temerárias. “Ai de vós”, diria Francisca de Souza da Silva.
Desembargadores e juízes desfilam como pavões, ostentando o luxo advindo de supersalários, a revelia da legislação, nutridos por dezenas de penduricários mensais. Nos salões da moda, com certeza, coabitam com uma elite gerada pela ocupação ilegal de terras públicas – através de expedientes que envolvem cartórios, falsários e grandes latifundiários, sempre famintos de novas terras, para a pata do gado ou a monocultura de exportação. Escândalos financeiros saem das páginas dos jornais para a impunidade e o esquecimento. A corrupção ativa e passiva em escalões de governo – em todos os níveis – é esquecida! Processos mofam nas prateleiras do judiciário até o doce livramento, pelo “decurso de prazo”. Quando uma boa equipe consegue provar e confrontar mega-contraventores, travestidos de banqueiros sérios, logo vem a eles o socorro do habeas-corpus. Várias aves de rapina, então, voam para outros países enquanto outros continuam a coabitar nos círculos dos cidadãos que, apesar de tudo, estão acima de qualquer suspeita – afinal de contas no regime do apartheid cadeia é coisa prá pobre, mulato ou preto.
Enquanto os salários e outros proventos são votados em beneficio próprio, nas nobres casas do Congresso Nacional a aposentadoria de dezenas de milhões de brasileiros emagrecem pela sangria provocada por mudanças de táticas de apropriação indébita para gerar recursos para sustentar a soberba elite dos três poderes.
Crescem as crianças subnutridas e mal educadas – filão para os donos da contravenção, os traficantes e os prostituidores – enquanto isso a TV executa a cores e em HD o emburrecimento da massa, esterilizando reações, entorpecendo com novelas – vitrine para a venda de bebidas, cigarros (efeito demonstração) e modismos degradantes para uma juventude conduzida como gado pelos “reality shows”.
Infelizmente a decadência permeia setores da igreja cristã, no Brasil, especialmente em tendências neo-pentecostais, onde a verdade bíblica é manifesta com parcialidade para agradar o público e fortalecer líderes e denominações – agravando a ignorância de muitos quanto à redenção e desinformando quanto à liberdade que advém do conhecimento íntegro das Escrituras. O orgulho espiritual, o pior dos pecados no dizer de C.S.Lewis, tem levado muitos a perverter a sã doutrina. Muitas desses vitimas da injustiça e da indiferença são excluídos até junto à porta de templos.
Esse é um breve perfil do regime do apartheid no Brasil. Talvez pior do que o da antiga África do Sul, porque mascarado. As leis brasileiras afirmam que todos são iguais diante da lei – porém a realidade desmente, a prática ignora a letra. O Brasil é formado por um povo solidário e generoso – a alma deste País persevera no coração dos pobres, apesar de injustiças estruturais de raízes históricas e vícios persistentes na mentalidade de parcela da elite ramificada em pontos estratégicos, com articulação nos poderes da república.
Claro que não devemos ser pessimistas, mas afirmar que, graças a Deus, existem pessoas justas e honestas nos três poderes – porém não podemos fugir de uma verdade escancarada que temos que enfrentar com perseverança e determinação. O Brasil já foi bem pior do que hoje e, cremos, será melhor amanhã. Isso depende de cada um de nós, nas práticas, nas atitudes e nas crenças. O caminho passa pela consolidação da democracia – autoritarismos de direita e de esquerda já causaram estragos demais, no mundo. Cabe a cada um exercer seu papel com honesta dignidade, deixando de lado a lógica perversa do oportunismo. Fixando a vida nos valores magnos da ética e da liberdade responsável – pois, mais cedo ou mais tarde, colhemos o que semeamos.

(José J . Azevedo)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

NAJI NAHAS, JUSTIÇA, POLICIA E TRABALHADORES DA VILA PINHEIRINHO, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS



VIOLÊNCIA POLICIAL PARA PROTEGER
INTERESSES DE ESPECULADOR E SONEGADOR
DE IMPOSTOS, BANIDO EM 40 PAÍSES

Naji Robert Nahas é um empresário atuando como comitente de grande porte na área de investimentos especulação financeira. Libanês naturalizado, chegou ao Brasil nos anos 70 com cinqüenta milhões de dólares para investir e montou um conglomerado de empresas que incluía fábricas, fazendas de produção de coelhos, banco, seguradora e outros. Tornou-se nacionalmente conhecido depois de ter sido processado sob acusação de ter provocado a quebra da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, em 1989. De acordo com reportagem da revista VEJA, Nahas tomava emprestado de bancos e aplicava na bolsa, fazendo negócios consigo mesmo por meio de laranjas e corretores, inflando as cotações.
Naji Nahas**, de triste memória, volta agora ao noticiário nacional em função de um processo que move contra cerca de 1800 famílias de baixa renda que, há cerca de nove anos, ocupam uma grande área que o empresário alega ser sua, em São José dos Campos.
Conforme a Legislação Brasileira uma família, depois de estar cinco anos ou mais em um imóvel tem direitos legais sobre o terreno onde mora, podendo requerer o devido usucapião – porque será que essas famílias ainda não tiveram seus direitos reconhecidos? Num país famoso pelos grilos gigantescos, especulação financeira, peculato, mordomias e corrupção governamental em todos os níveis, porque é que a polícia usa cassetete e bombas de gás lacrimogêneo apenas contra os pobres, que lutam para sobreviver com dignidade?
O que se passa em São José dos Campos é mais um retrato da vergonha social brasileira, que mantém bandidos de colarinho branco impunes e penaliza pessoas, brasileiros natos, aos quais a Constituição Brasileira garante dignidade e os direitos da cidadania.
Conforme a CBN, “o presidente da OAB – Ordem dos Advogados do Brasil – Ophir Cavalcante, classificou como ilegal a reintegração de posse realizada, apesar de uma ordem da Justiça Federal suspendendo a ação. Ele disse que houve quebra do pacto federativo. Uma ordem suspendendo a reintegração, assinada pelo juiz Samuel de Castro Barbosa Melo foi entregue por oficiais da justiça do Estado de São Paulo, mas, segundo o TJ paulista, o TRF não tem competência para intervir na questão” – aliás, competência não falta quando se trata de promover salários exorbitantes entre juízes, desembargadores, oficiais de justiça em vários estados brasileiros – afrontando a consciência e agindo inconstitucionalmente em função de seus proventos & salários, dezenas de vezes maiores que o legalmente permitido no Brasil*.
Veja no vídeo acima o parecer sensato de jornalistas do Jornal da TV Cultura, de São Paulo.

COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DA OAB
AFIRMA HAVER VITIMAS FATAIS

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São José dos Campos, Aristeu César Pinto Neto, disse hoje (23.01.12) que houve mortos na operação de reintegração de posse do terreno conhecido como Pinheirinho, na periferia da cidade. De acordo com ele, crianças estão entre as vítimas.
O que se viu aqui é a violência do Estado típica do autoritarismo brasileiro, que resolve problemas sociais com a força da polícia. Ou seja, não os resolve. Nós vimos isso o dia inteiro. Há mortes, inclusive de crianças. Nós estamos fazendo um levantamento no Instituto Médico-Legal, e tomando as providências para responsabilizar os governantes que fizeram essa barbárie”, disse, em entrevista à TV Brasil.
Conforme o Jornal virtual da Yahoo, o representante da OAB disse ter ficado surpreso com o aparato de guerra que foi montado em prol de uma propriedade pertencente à massa falida de uma empresa do especulador Naji Nahas: “O proprietário é um notório devedor de impostos, notório especulador, proibido de atuar nas bolsas de valores de 40 países. Só aqui ele é tratado tão bem”***.
A selvageria do capitalismo especulador acaba sendo beneficiária com o fisco, que parece fazer vistas grossas para com as dividas do tal libanês. Porém, a força repressiva do governo maltrata brasileiros e utiliza, de forma tendenciosa, a letra da lei para tratar brasileiros natos como se fossem bandidos. Há anos esses trabalhadores investem em suas casas, pagam seus impostos e são tratados como bastardos por autoridades cegas à realidade social do País.

Manifestamos repúdio a insensatez e parcialidade, além da incompetencia municipal, com que
os moradores da Vila Pinheirinho vem sendo tratados. Cabe ao Ministério Público Federal fazer prevalecer Justiça em São José dos Campos. A OAB mais uma vez se coloca com lucidez na defesa da população questionando uma interpretação errada e retrógada da legislação - desprezando tanto a jurisprudência como o espírito da lei frente a realidade social de milhões de brasileiros.

* - Não faltam denúncias na Imprensa, com relação a vergonhosa exorbitância de grande parte daqueles que tem o dever moral de zelar pelo respeito às leis do País. Veja, por exemplo, a introdução de uma reportagem do ESTADO DE S.PAULO, de 24.01.2012: "Os pagamentos milionários a magistrados estaduais de São Paulo se reproduzem no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. A folha de subsídios do TJ-RJ mostra que desembargadores e juízes, mesmo aqueles que acabaram de ingressar na carreira, chegam a ganhar mensalmente de R$ 40 mil a R$ 150 mil. A remuneração de R$ 24.117,62 é hipertrofiada por “vantagens eventuais”. Alguns desembargadores receberam, ao longo de apenas um ano, R$ 400 mil, cada, somente em penduricalhos" (http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,supersalarios-de-magistrados-no-rio-variam-de-r-40-mil-a-r-150-mil,826349,0.htm)

**Acusado por diversas frentes, o nome de Naji Nahas aparece na operação Satiagraha da Polícia Federal e no episódio da quebra da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, entre outros casos interessantes. O investidor fez fortuna no Brasil com operações de altíssimo risco, cuja legitimidade é questionada até os dias atuais.
A quebra da bolsa do Rio levou Nahas aos tribunais por diversas vezes, mas não conseguiu incriminá-lo. O episódio alimenta a principal rixa do mercado brasileiro, entre Nahas e o fundador da BM&F, Eduardo da Rocha Azevedo ...No mercado de ações, a postura de Nahas chamava atenção pela estratégia arrojada. As acusações apontavam que Nahas emprestava dinheiro de instituições financeiras para aplicar em ações, manipulando a valorização dos ativos realizando negócios consigo mesmo via laranjas ou corretores.

(http://www.infomoney.com.br/personagens-do-mercado/noticia/1585515-personagens+mercado+caso+naji+nahas+quebra+bolsa+rio

*** A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça-feira, 8.07.2008, a Operação Satiagraha, que investiga desvio de verbas públicas, corrupção e lavagem de dinheiro. Entre os presos estão o banqueiro Daniel Dantas, do banco Opportunity, o empresário Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. As investigações tiveram início há quatro anos e são um desdobramento do "Caso Mensalão". Ao todo, a polícia irá cumprir 24 mandados de prisão e 56 de busca e apreensão. A operação, que mobilizou cerca de 300 homens da PF, está sendo realizada nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia e no Distrito Federal. Ainda não há informações sobre quantos mandados foram cumpridos. O nome da operação - Satiagraha - significa resistência pacífica e silenciosa. Segundo a PF, foram identificadas pessoas e empresas beneficiadas no esquema montado pelo empresário Marcos Valério para intermediar e desviar recursos. A polícia aponta Daniel Dantas como o chefe de uma grande organização criminosa, envolvida com a prática de diversos crimes, para os quais utilizava empresas de fachada (http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,pf-prende-daniel-dantas-naji-nahas-e-celso-pitta-,202316,0.htm)

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Lei da Palmada e PL 122 ameaçam liberdade religiosa garantida na Constituição



Depois de muita discussão parece que o famigerado PL 122 vai ser votado no Senado para ser, enfim, sepultado como tentativa inconstitucional de entulho autoritário – já que alguns de seus artigos criminalizariam a liberdade de opinião e expressão – garantida na Constituição. Alguns dos direitos reclamados, que pretenderiam uma defesa contra a “homofobia”, já encontram solução em outros preceitos legais, como os penalizam o preconceito de raça, credo religioso ou qualquer tipo de violência ou perseguição contra cidadãos, independentemente de suas tendências afetivas.


A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou, em “caráter conclusivo” o Projeto de Lei 2654/03, que proíbe qualquer forma de castigo físico em crianças e adolescentes. O projeto será agora encaminhado ao Senado, “sem necessidade de ser votado pelo Plenário da Câmara”.


De acordo com o texto, apresentado pela deputada Maria do Rosário (PT-RS), a punição corporal de criança ou adolescente sujeitará os pais, professores ou responsáveis a medidas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90), como o encaminhamento do infrator a programa oficial ou comunitário de proteção à família, a tratamento psicológico ou psiquiátrico e a cursos ou programas de orientação.



A relatora do PL 2654/03, Sandra Rosado (PSB/RN) vai mais longe e declara que “o castigo físico imposto a uma criança, ainda que `moderado`, é ato de violência e provoca traumas significativos". Conforme o site da Câmara Federal, “a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Márcia Lopes, disse que a proposta pretende garantir que meninos e meninas cresçam livre de violência física e psicológica”. Pelo texto, "castigo corporal" passa a ser definido como "ação de natureza disciplinar ou punitiva com o uso da força física que resulte em dor ou lesão à criança ou adolescente". O Projeto de Lei 2654/03, é de 2006, e “proíbe qualquer forma de castigo físico em crianças e adolescentes”. Como houve recurso para votação em plenário, o texto aguardou anos para ser novamente votado – sem muita discussão ou abertura a opinião pública.


Essa matéria merece uma reflexão mais profunda e abrangente. Em primeiro lugar: A disciplina corretiva, aplicada com moderação e sabedoria, não é prejudicial à criança. A Bíblia, livro guia dos cristãos, aconselha o ensino, a disciplina e a correção: “O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina” (Provérbios 10.13). Um pai amoroso saberá aconselhar e mesmo disciplinar com moderação, reafirmando a sua autoridade no lar. Crianças que crescem fazendo o que querem, sem alguém para colocar limites necessários, tornam-se arrogantes, muitas vezes egoístas e violentos – dentro e fora de casa. Essa PL coloca ensinos bíblicos no banco dos réus e, por isso, é desrespeitosa com a fé além de negar o direito de um religioso, seja cristão ou muçulmano ou judeu, de disciplinar, educar (como mestre e líder de sua casa) os seus filhos – e isso contraria a garantia constitucional da liberdade religiosa. Por isso é INCONSTITUCIONAL!


A Constituição já prevê punição para a violência, seja doméstica ou não – porém nas entrelinhas o PL questiona a autoridade bíblica e afirma que educar os filhos à sua maneira é caso de psiquiatria. Somos totalmente a favor de uma assistência médica-psicológica a cidadãos que agridem seus filhos com palavrões, humilhações e maus tratos. Porém acabar com a atitude sadia e disciplinar dos pais é imposição estatal que a cidadania não pode tolerar.


Por outro lado corre no STF – Supremo Tribunal Federal - um dispositivo jurídico para acabar com a orientação institucional quanto à classificação de horários e idades da programação de rádio e TV. Alega-se que o Estado não deve interferir (!) na vida doméstica, cabendo aos pais a decisão de permitir, ou não, que seus filhos vejam filmes. Ora bolas, essa decisão já existe! Porém é salutar que pessoas de cultura e bom senso orientem quanto à programação veiculada ao público – especialmente quando se vê tanta agressividade, violência explicita e outras formas de delinqüência sendo repassada as crianças – isso sim, “violência física e psicológica” contra crianças – especialmente aquelas que ficam sozinhas em casa porque pai e mãe têm que trabalhar o dia todo para trazer o sustento dos filhos – deixando as crianças de qualquer idade à mercê de uma programação promovida por empresas e indústrias ávidas do lucro, cuja ética muitas vezes é desprezada em nome desse deus moderno. Muitos filmes e desenhos animados colaboram – ou melhor, conspiram, para a formação de crianças violentas, agressivas e subliminarmente educadas para a agressão – gerando gerações de alunos que, na escola, questionam e confrontam a autoridade de professores e, dentro de casa, dos próprios pais. A culpa, porém, recai em pais zelosos que não querem ser cúmplices das transgressões dos próprios filhos – corrigindo-os com amor e firmeza – e, em último caso, com o uso corretivo de uma vara (que é mais saudável que a palmada).


Outra fonte de violência contra crianças e adolescentes é a exposição dos menores aos noticiários jornalísticos – que expõem o mau exemplo de deputados que desrespeitam as leis de trânsito e causam desastres com vitimas fatais; ministros denunciados por corrupção ativa ou passiva, empreiteiros subornando funcionários para ganhar concorrências, artistas de TV em “horário nobre” fumando e bebendo em folhetins novelescos, sob o olhar inocente de crianças. Nesse caso não somos contra a liberdade de imprensa, mas contra a libertinagem de exposição pública da falta de decoro e vergonha na cara de uma parcela da elite que transita, talvez a séculos, nos poderes de forma despudorada e atentatória a sanidade mental de crianças e adolescentes!



Vamos colocar os pés no chão da realidade e não agir com hipocrisia. Vários programas da TV brasileira ensinam os jovens a vulgaridade, as jovens a viverem sem decência ou pudor – fazendo dos relacionamentos encontros fugazes e descompromissados. PLs como a 122 ou 2654/03, parecem ter intenção subjacente de acabar com um modelo familiar e estruturado para forjar uma Nação saudável, baseada em valores sobre os quais firma-se a Democracia, o Estado de Direito, a honradez e a hombridade – fundamentos da civilização (José J. de Azevedo).


segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A ATUAL LUTA PELA MORALIDADE



José Dirceu critica Movimento de Combate a Corrupção



O Estadão de 14.11.2011 publicou a opinião do militante José Dirceu, ex-ministro e réu cassado no processo do mensalão, com relação a manifestações anticorrupção, que vem crescendo nos centros urbanos. Afirmou ele que as atuais manifestações pela ética e honestidade na vida política, bem como no trato dos recursos da Nação, não passam de uma “luta moralista”.
O dicionário Aurélio define a moral como o “conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada”. As palavras do ex-ministro da Casa Civil do governo Lula parecem tentar impingir uma conotação negativa, tanto para com o movimento como para o moralista, isto é cidadãos que escrevem sobre moral, preconizam idéias e preceitos morais e defendem uma práxis existencial baseada na moralidade.
O que é moralidade? A palavra diz respeito ao conjunto das nossas faculdades morais; brio, vergonha; o que há de moralidade em qualquer coisa. Todo cidadão e todo político, partidário ou não, deve ver com bons olhos o atual movimento pela moralidade. Afinal, quem não deve, não teme! Toda Democracia tem base na liberdade de opinião e critica – sem ela a decadência avulta, contaminando a mentalidade e abalando os fundamentos de um País que anela a civilidade e a decência
Há aqueles que consideram a moral como algo ultrapassado, coisa dos nossos avós, que honravam sua palavra, cumpriam suas promessas e não trafegavam em biografias marcadas pela afirmativa de que “o fim justifica os meios”.
Saudamos e apoiamos o atual movimento anticorrupção. Todo cidadão, de alguma forma, honesto, trabalhador, brioso da própria consciência, exige a moralidade como paradigma. A corrupção no Brasil consome bilhões anuais do erário público enquanto que grande parcela da população sobrevive precariamente com a ausência dos benefícios preconizados na Constituição Brasileira – seja na saúde, no saneamento, segurança, etc. Ela é tão nociva quando um cidadão tenta corromper um guarda de trânsito quanto um fiscal que aceita suborno para fazer vista grossa ao contrabando, como ao político que legisla em causa própria, aumentando os próprios salários de forma despudorada e cínica frente a milhões de crianças desnutridas ou a aposentados que morrem em filas do SUS.
A culpa pesa nos ombros – ou devia pesar – dos poderes legislativo, judiciário e executivo – e em outros setores da sociedade. Não há paz, nem verdadeiro progresso social e espiritual em uma Nação se os maus exemplos vem daqueles que deviam portar-se de forma exemplar, por ocuparem posição privilegiada. Devem ser responsáveis ou responsabilizados! Até mesmo nossa Presidenta vem sendo criticada por demitir ministros envolvidos em desvio de recursos públicos!
O que o Brasil tem visto, passivamente, é uma roteiro maquiavélico e mesquinho de transgressões e falcatruas, desrespeito a lei escrita e a lei moral, que devem nortear uma verdadeira civilização. Não sejamos mesquinhos, porém, em atribuir a corrupção às últimas décadas - ela é uma doença centenária que precisamos expurgar, de nós mesmos em primeiro lugar - pautando a vida em valores espirituais e costumes sociais que toda boa consciência aconselha.
Cada brasileiro tem o direito e o dever constitucional de zelar pela moralidade no trato do que pertence a todos, seja nas questões ambientais, econômicas, sociais ou políticas. O povo exige que toda denúncia, respaldada na verdade documental, deve ser levada aos tribunais. As leis de exceção, que privilegiem classes – políticas, jurídicas ou executivas – sejam caducadas por uma Legislação que honre a afirmativa constitucional de que “todos são iguais perante a Lei”. O eleitor deve ser educado na cidadania e os meios de comunicação tem o dever de contribuir para ensinar de forma didática e imparcial a cidadania – em vez de apresentar o circo deprimente de modismos exigidos por anunciantes – que vêm rebaixando o nível da dignidade juvenil.
A atual onda, o despertar da apatia para as ruas, em um clamor pelo fim da impunidade e pelo triunfo da justiça sobre a parcialidade, não é uma luta partidária – nem deve ser porque a atual epidemia imoral, informada pela imprensa, tem raiz num fazer político que se articula numa ética peculiar – alastrada em prefeituras, câmaras municipais, assembléias legislativas e até no Ministério Público - capaz de agravar o desequilíbrio social, sempre prejudicial aos menos letrados, de menos posses, menos informados e mais expostos ao avanço de toda espécie de injustiça favorecida por leis e jurisprudências que aviltam os mais pobres, seja nas favelas – impostas pela grilagem centenária de terras públicas – seja no campo, com o avanço dos latifúndios – seja nas regiões de floresta, onde o papel com carimbo de cartório – legal mas imoral – ou ilegal e imoral – desterra povos indígenas, agricultores familiares, expondo-os ao exílio nas cidades ou a semi-escravidão. Chega dessa imposição aviltante imposta por certa parcela da elite, que considera a moral e a hombridade algo fora de moda. Está na hora de reafirmar valores universais pelos quais a consciência grita!
O Brasil muda para melhor, de cima para baixo. Muitas vezes a voz do povo é a voz de Deus.

(José J Azevedo)