IGREJA CRISTÃ E PROSELITISMO ATEU
Regime ateu na URSS: 70 milhões de vitimas, segundo
o escritor Aleksandr Solzhenitsyn no livro "Arquipelago Gulag"
Cedi enfim admitindo que Deus era Deus, e ajoelhei-me e
orei: talvez, naquela noite, o mais deprimido e relutante converso de toda a Inglaterra.
Não percebi então o que se revela hoje a coisa mais ofuscante e óbvia: a
humildade divina que aceita um converso mesmo em tais circunstâncias”
(C.S.Lewis – “Surpreendido pela Alegria”)
“
O ateísmo, como movimento ideológico e filosófico – crente
de que “o homem é a medida de todas as coisas” – conforme reza o modernismo - parece
empreender uma verdadeira cruzada anti-religiosa, tentando minar a fé das
pessoas com seu racionalismo obsessivo e, quiçá, desesperado.
O jornalista britânico Christopher Hitchens publicou um
livro chamado “deus não é GRANDE”. Afirma ele: “Se eu não posso provar definitivamente
que o sentido da religião desapareceu no passado, que seus livros fundamentais
são fábulas transparentes, que é uma imposição criada pelo homem, que tem sido inimiga da ciência
e da pesquisa e que sobreviveu principalmente de mentiras e medos e foi cúmplice
da ignorância e da culpa, bem como da escravidão, do genocídio, do racismo e da
tirania, eu quase certamente posso afirmar que a religião hoje está plenamente
consciente dessas críticas. Também está plenamente consciente das provas cada
vez mais numerosas, referentes às origens do universo e à origem das espécies,
que a relegam à marginalidade, quando não à irrelevância”. Manipulando palavras
e citando a pseudo-ciência (como a teoria de Charles Darwin – que por não
encontrar sustentação continua apenas como teoria e não verdade cientifica
comprovada) não apenas nega Deus, nega o valor da maioria das religiões – que
buscam na transcendência não apenas a origem da realidade e da vida, como
também o sentido da existência humana.
O biólogo Richard Dawkins, considerado um dos papas do
ateísmo, publicou no ano passado o livro “Deus – Um delírio”. Em seu fanatismo racionalista
ateu compara a “educação religiosa ao abuso infantil”. Vai mais além, conforme
uma sinopse da editora: “Em 'Deus, um delírio', seu intelecto afiado se
concentra exclusivamente no assunto e mostra como a religião alimenta a guerra,
fomenta o fanatismo e doutrina as crianças. O objetivo deste texto mordaz é
provocar os religiosos convictos, mas principalmente provocar os que são religiosos
'por inércia', levando-os a pensar racionalmente e trocar sua 'crença' pelo
'orgulho ateu' e pela ciência”. Na verdade esse ateísmo proselitista parece
firmar-se, cada vez mais, ironicamente, como uma nova religião – como mostra
outra obra, “Tratado de ateologia”, de Michel Onfray: “Deus não está morto nem
moribundo – ao contrário do que pensam Nietzsche e Heine. Nem morto nem
moribundo porque não mortal. Uma ficção não morre, uma ilusão não expira nunca,
não se refuta um conto infantil”. Há, desde há muitos anos, uma verdadeira
guerra às tradições judaico-cristãs, cuja difusão deu origem a civilização
ocidental, fantásticas conquistas na ciência e elevando a dignidade humana
através de valores éticos e morais – que muitos querem banir da consciência humana porque confrontam pressupostos da velha e
decadente condição humana. Em sua obra “Civilização em Transição”
C.G.Jung
lembra a Revolução Francesa como “não tanto uma revolução política mas muito
mais uma revolução dos espíritos, uma explosão generalizada da energia
armazenada pelo iluminismo francês”. Observa: “A primeira destituição oficial
do cristianismo pela Revolução deve ter causado uma profunda impressão no pagão
inconsciente que existe em nós, pois desde então ele não teve mais sossego. E,
desde então, a descristianização da cosmovisão fez rápidos progressos”.
Não podemos negar, no entanto, que a religião, em si, como
prática humana, é sujeita a erros e manipulações – que tem ocorrido na História.
Vemos, no entanto, como a Bíblia, revelando a presença de
Deus e sua vontade – intervindo na História e na vida de seus personagens – não
esconde as misérias da condição humana, nem a fragilidade e pecados de seus
heróis. Nesse sentido confronta os mitos, fantásticos e manipuladores, da tão celebrada Grécia, pelos racionalistas,
e sua cultura.Quando a religião, como instituição humana, se afasta dos preceitos áureos das Sagradas Escrituras, torna-se em inimigas da verdade – e é fato que isso vem ocorrendo através dos séculos. No entanto a verdadeira Igreja de N.S.Jesus Cristo vem prevalecendo há mais de dois mil anos, mesmo que em meio ao trigo haja muito joio – como alertou Jesus a seus discípulos: “Pelos frutos os conhecereis”.
Os teóricos do ateísmo, em sua vertente que ostenta nomes
como Sigmund Freud, Friedrich Nietzsche, David Hume, Henry L. Mencken, Arthur Schopenhauer,
Mikhail Bakunin, Sebastièn Faure, Bertrand Russell, Richard Dawkins e Geoffrey
Miller, vêm influenciando uma nova safra de niilistas, nessa cruzada contra a
realidade da fé – tentando desconstruí-la na mente nas novas gerações
utilizando falsos pressupostos.
Se há grandes contradições no seio de instituições
religiosas esse fato não limita o poder, a presença benéfica e salutar para a
vida das nações. Cremos e defendemos o valor da mensagem do Evangelho de Jesus
Cristo, que coaduna com os ideais mais elevados da consciência humana – criada
à “imagem e semelhança de Deus”. Jesus também se referiu aos inimigos da fé,
que combateriam utilizando os mais diversos meios. Desde seus primórdios a
Igreja de Cristo foi martirizada pelos seus opositores: Vários apóstolos,
muitos pais da Igreja, quase toda a geração de crentes, no primeiro século, os protestantes, no Século XVI, foram alvos do ódio irracional
de potentados terrenos. A gloriosa galeria dos mártires continua a fulgurar heróis
da fé em pleno século 21 (dois missionários coreanos, por exemplo, foram
sacrificados por grupos fanatizados no Afeganistão, há alguns meses – porque
expressavam com serviço seu amor a Cristo e ao seu semelhante, em ações
humanitárias). Nunca, porém, ouvimos dizer que houveram pessoas martirizadas
por defenderem o ateísmo e seus ideais de uma vida sem Deus!
Por outro lado a filosofia, desde o advento da equação
hegeliana, vem influenciando uma geração para a qual nada faz sentido e o vazio
deve ser preenchido pelo hedonismo e crescente sede de um consumismo
desesperado – fortalecendo a indústria das drogas e da violência, bem como um
consumismo que degrada os ecosistemas.Devemos também lembrar que Jesus ensina à
prática da fé, expressa através de um novo estilo de vida, não mais guiado pela
velha natureza, nem sustentado por hierarquias tradicionais.
Propôs um modus vivendi cuja máxima resumiu em dois preceitos: “Amarás ao
Senhor teu Deus de todo o teu coração, com todas as tuas forças, com todo teu
entendimento, e, amarás a teu próximo como a ti mesmo”.Desde seus primórdios a
Igreja cristã tornou-se o seio de todos os excluídos: escravos, presidiários,
assassinos arrependidos, mulheres discriminadas, crianças desamparadas,
mendigos e aflitos, doentes e endemoninhados. Jesus disse para um grupo de
religiosos: “Eu vim para dos doentes e não para os que não necessitam de
médico” – negando a auto-suficiência humana que, presa a rituais, negava o verdadeiro
culto a Deus.
Jesus observou as multidões como rebanhos sem pastor e
atribuiu a seus discípulos o nobre papel de liderar os povos desamparados de todas
as nações.
A humanidade não pode se esquecer dos horrores causados pelo
ateísmo de Estado: Milhões de mortos, assassinados, deportados e submetidos a
campos de concentração, na Rússia e países do leste europeu – que até hoje é assombrado
pelos seus traumas. Milhões de judeus foram exterminados barbaramente por um
regime soberbo liderado por um homem sem temor a Deus, chamado Adolf Hitler.
Jesus garantiu a vitória a seus seguidores: “Edificarei a minha Igreja e as
portas do inferno não prevalecerão contra ela”.Devemos, pois, entender um princípio básico: A Igreja cristã transcende às denominações religiosas; ela deve se responsabilizar pelas falhas de seus seguidores, porém não pode ser responsabilizada pelas mazelas de instituições ou de governos apenas nominalmente “cristãos” – porque as instituições passam, mas a Igreja (o Corpo místico de Cristo) prevalece, sendo continua e crescentemente consolada, perdoada, santificada e glorificada.
A Igreja de Cristo é caracterizada por aquele que nega a si mesmo em benefício do próximo; é aquela que oferece a outra face e não revida a acusações e afrontas; é aquela que chora pelos seus mártires, mas não martiriza ninguém; clama pela justiça, mas não apela para a violência para fazer valer algum direito. Sua missão é ser sal da terra e luz do mundo – o amor é seu motivo e o serviço abnegado o coração de seu Evangelho. Vive para a glória de Deus e é essencialmente livre pois “onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade”.
Devemos nos aliar aos ateus na denuncia a injustiça e a barbárie, ao fanatismo intolerante e a discriminação – sem, no entanto, abrir mão da liberdade de reafirmar nossa fé e prosseguir na missão de fazer discípulos para Cristo.
Os estados que se autodenominaram ATEUS foram os que mais fizeram vítimas no século 20, e continuam neste século, como é o caso da Coréia do Norte - cujas atrocidades a cristãos não aparecem na grande imprensa ocidental. União Soviética, Romênia, entre outras foram ditaduras perversas. Os ateus da Europa são mais civilizados por estarem submersos na mentalidade cristã, de onde extraem força espiritual para sobreviver e combater a cultura cristã, que os beneficia.
José J. de Azevedo/Bacharel em Teologia
Nenhum comentário:
Postar um comentário