terça-feira, 26 de maio de 2009

CRISE & SOBERANIA DE DEUS


A verdadeira crise é maior e mais grave num mundo onde cerca de uma criança morre de fome à cada 4 segundos por causa da subnutrição, falta de água potável em condições de vida que atentam contra a dignidade humana.
A verdadeira Crise tem raíz espiritual pois ao lado da miséria econômica de mihões outros milhões vivem em miséria espiritual.

Seriam os economistas sacerdotes de uma nova era e profetas de um novo paradigma de governo e controle social? A revista «Foreign Policy» fez as seguintes afirmativas: “As estimativas de 5 [economistas] autores para o presente ano são ”alarmantes” e prevêem que a economia mundial continue a piorar. Esta situação deve-se ao contágio da recessão as economias emergentes e a um futuro enfraquecimento do dólar, o que vai pressupor a esta moeda “perder para sempre o seu valor” nas finanças internacionais”. Nouriel Roubini alerta que a crise se encontra no início e que em 2009, as suas estimativas são “todavia mais pessimistas”1. Esses profetas do capital e das grandes corporações financeiras, no entanto, podem ser surpreendidos pela intervenção de Deus na História - pois nada foge à sua vontade decretiva, ou permissiva!
Pedro Agostinho, mestre de História do Brasil escreveu: “O que podemos esperar no decorrer de 2009 será o uso de nossos recursos, fruto da soma da riqueza produzida por nós, contribuições provenientes de nossos impostos que, agora, estão sendo canalizadas para salvar banqueiros, grandes empresários, montadoras que na regra geral do capitalismo, deveriam “quebrar” e arcar com as conseqüências da crise gerada por esse mesmo sistema, que os mesmos defendiam em épocas de grandes lucros a custa da força de trabalho assalariado, que cada dia que passa, nos parece que diminui mais. Mas agora os desafios que serão enfrentados por nós trabalhadores serão - não mais a luta pelo aumento salarial – mas a permanência de ter um emprego, um salário, o direito de poder voltar para casa ao final do dia e reencontrar nossos familiares, a certeza de retornar no dia seguinte e não ser mandado embora sem um motivo aparente”2.
Governos do ocidente, com a crise, foram obrigados a cobrir rombos forjados pelas perversões entranhadas em grandes corporações – por causa de uma crise moral que, desde o poder corporativista, contamina indivíduos. Com a revelação de fraudes, escândalos, caiu a confiança que dava tranqüilidade a investidores – gerando instabilidade, fazendo bancos, empresas seguradoras e bolsas de valores ruírem como um castelo de cartas. Nessa espiral mais de três milhões de pessoas, apenas nos EUA, perderam seus empregos no último ano.
Reinaldo Gonçalves, professor de Economia Internacional (UFRJ) lembra que “a insolvência generalizada no sistema de hipotecas imobiliárias nos Estados Unidos” detonou o atual momento da crise – associada à queda de juros, especulação imobiliária, etc.. Considerou também o “poder letal do “moinho satânico” do mercado de capitais, como fator importante gerador da crise.3 Trata-se, na verdade, daqueles que jogam bilhões de dólares nas bolsas de valores – apostam no caos se isso lhes der lucro. Não se dedicam ao trabalho produtivo e, como sanguessugas, enriquecem explorando indiretamente o trabalho dos povos e a riqueza das nações. Num sistema de informações globalizado pela Internet bilhões de dólares podem mudar de mão em segundos!

Se olharmos a crise do ponto de vista bíblico podemos aferi-la também com relação à realidade existencial do ser humano. Criado à imagem e semelhança de Deus o ser humano, por causa da cobiça de querer ser “igual a Deus”, transgrediu ao trocar a liberdade do Espírito pelas ambições da carne. Vivemos numa era tenebrosa. No século XVI João Calvino descreveu a natureza humana caída como em estado de ”depravação total”. Por outro lado, os humanistas e evolucionistas acreditam no ser humano como senhor de seu destino, a caminhar, por esforço e mérito próprios, a um estado cada vez mais elevado de justiça social e solidariedade – motivador único de grandes realizações e progresso científico. Afirmam que o homem é bom por natureza mas ainda carrega rudimentos de seu estádio anterior, como animal guiado por seus instintos.
Em sua posse, diante de centenas de milhões de pessoas em rede mundial de TV, no dia 20.01.09 o presidente eleito Barak Obama conclamou: "A todos os povos e Governos que estão nos vendo hoje, desde as maiores capitais ao pequeno povoado onde meu pai nasceu (no Quênia): Saibam que os Estados Unidos são um amigo de cada nação e de cada homem, mulher e criança que busca um futuro de paz e dignidade, e que estamos prontos para ser líderes mais uma vez".4
Porém não podemos nos iludir com belos discursos. Entre o sonho e a realidade há grande diferença. O nacionalismo continua sendo a alavanca que leva cada governo cuidar de seus próprios problemas, mesmo à custa de nações que não tenham um arsenal tecnológico capaz de garantir o próprio desenvolvimento – que são exploradas através das corporações transnacionais. Essas, por sua vez, não têm compromisso com as pessoas de carne e osso, pois seu objetivo supremo é o lucro onde deus é o mercado e os arautos dessa nova era são economistas a serviço de um sistema que avança seu domínio sobre terras e recursos minerais. Opera também na dominação de governos através de lobbies que investem em candidatos e compram sua consciência – gerando leis que fazem ampliar seu domínio, impondo tecnologias que geram desequilíbrios ambientais e marginalização.
A verdadeira crise é, antes de tudo, espiritual. Crise que mina a fé do homem num Deus criador e soberano. As novas gerações são massivamente influenciadas pela propaganda subliminar (via filmes, novelas, Internet, etc.) que nega a transcendência humana, apela para o materialismo, à superficialidade e o egocentrismo. Essa cultura tem poder avassalador de levar as pessoas – mesmo que tenham fé cristã – à alienação e à solidão existencial – desvinculando-as do real estilo de vida ensinado por Jesus. Por isso vivemos num mundo soberbo que ignora a real crise – a da miséria globalizada! Vive-se, nesse contexto, sem grande convicção de pecado estrutural ou pessoal , frente ao fato de que uma criança morre de fome a cada 4 segundos no mundo- inanição, doenças provocadas pela falta de água saudável, condições de higiene e salubridade, etc. Centenas de milhares de vitimas de um sistema mundial que nega os valores bíblicos para eleger religiosidades que coadunam com a mentalidade darwiniana da prevalência dos mais aptos na escalada da evolução. Assim, a misericórdia substituída pelo pragmatismo materialista, em seu egoísmo digno de um tiranossauro segurando sua presa. Trilhões de dólares gastos em guerras e armamentos; cerca de 5% da população consumindo drogas- financiando um sistema paralelo, criminoso, que coloca seus tentáculos nas instituições. A espiritualidade pós-moderna, relativista, firma-se mais na vontade humana do que na glória de Deus.
A crise atual é muito mais que financeira. Houve uma polvorosa porque agora ela passou a atingir os ricos e grandes interesses. A injustiça é uma velha parceira do homem.
A realidade aferida desmente que o ser humano está em evolução, tornando a si mesmo melhor do que foi. Ele continua mentiroso, desonesto e egoísta se não for transformado por Deus. O mundo jaz no maligno. Neste cenário, porém, Deus continua a reinar soberano, nada foge à sua soberania. Ele vem permitindo essa realidade iníqua; prova aqueles a quem ama. Sejamos sensíveis aos sinais dos templos e atentos a uma consciência iluminada pelo Espírito. Nossa fé não pode estar firmada no que temos ou no que vemos.
Parece haver tentativas de precipitar uma situação caótica, porém tenhamos o coração sereno, confiantes na soberania de Deus! Possivelmente estamos às vésperas de grandes transformações globais. Jesus alertou para um tempo em que “por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos – aquele, porém, que perseverar [no amor] até o fim, será salvo”(Mt 24.12-13).
José J. de Azevedo

1. http://www.agenciafinanceira/
2. http://www.gostodeler.com.br/
3. www.socialismo.org.br/portal/economia-e-infra-estrutura
4. http://noticias.uol.com.br/ (20.01.2009)

Nenhum comentário: