terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

MESTRE, QUEM É O MEU PRÓXIMO?


Para podermos identificar o próximo – além das fronteiras do nosso lar – é preciso sensibilidade e discernimento – capacidade de sentir e entender. Em segundo lugar, é necessário ter senso de responsabilidade e de oportunidade. Responsabilidade é responder conforme o desafio proposto. Oportunidade diz respeito ao fato de que Deus nos aproxima do nosso próximo. Quem é o meu próximo?

01. A ATITUDE DO SACERDOTE
A religiosidade pode levar o essencial para a periferia e o que é mais importante para o terceiro lugar. Essa é uma característica lamentável de grande parte das religiões e dos religiosos, em nosso tempo.
Ao ser questionado por um intérprete da lei Jesus respondeu a sua pergunta: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Jesus respondeu com outra pergunta: Que está escrito na lei, como interpretas? O interprete respondeu: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento, e: Amarás o teu próximo como a ti mesmo".
Quem é o meu próximo? Perguntou o interprete da lei. Jesus, então falou sobre a atitude de três pessoas que tiveram oportunidade de reconhecer e dignificar o seu próximo.
O sacerdote ocupava o papel principal na vida religiosa de Israel: Ele oficiava o culto, intermediava os sacrifícios do povo; intercedia por ele e devia ser padrão de santidade. Arão, por exemplo, carregava os nomes das 12 tribos de Israel escritos em suas vestes litúrgicas, para apresentá-las diante de Deus.
Jesus coloca um sacerdote em sua história: "Casualmente, descia um sacerdote por aquele mesmo caminho e, vendo-o, passou de largo".

02. A ATITUDE DO LEVITA
Historicamente s levitas descendiam de Levi e ocupavam o segundo lugar, depois dos sacerdotes, na hierarquia da autoridade religiosa de Israel.
Durante o Êxodo eram os levitas que protegiam e levavam a arca da aliança. Eles deviam cuidar do tabernáculo e zelar pelos serviços litúrgicos. Davi os incumbiu da música litúrgica. Por isso, até hoje, os músicos costumam ser chamados de "levitas", nas igrejas. Jesus colocou também um levita em sua história: "Semelhantemente, um levita descia por aquele lugar e, vendo-o, também passou de largo".
Seu papel era, pois, relevante: "Os levitas se acamparão ao redor do tabernaculo do testemunho, para que não haja ira sobre a congregação dos filhos de Israel; pelo que os levitas tomarão a si o cuidar do tabernáculo do Testemunho" (Números 1.53).

03. A ATITUDE DO SAMARITANO
"Espinha dorsal da idolatria"! Eis como um escritor definiu Samaria. Em seu tempo áureo foi uma cidade soberba. Nela os profetas de Baal desencaminharam a Israel.
Mais tarde caiu nas mãos da Assíria, que "removeu os moradores da cidade e a repovoou com gente de outros países conquistados". No regresso dos Israelitas do exílio babilônico, esses samaritanos se opuseram à reconstrução de Jerusalém. A hostilidade que havia entre judeus e samaritanos era grande e continuou a existir até a época do Novo Testamento.

Nesse período os samaritanos criam em Deus e baseavam sua fé apenas no Pentateuco (cinco primeiros livros do AT) e isso favorecia o conflito religioso com os judeus ortodoxos que tinham sua capital em Jerusalém. Conforme 2 Reis 17.24, o rei da Assíria trouxe gente da Babilônia e de outros lugares para colonizar a região onde viviam – gerando um povo mestiço, com um pouco de sangue hebreu.
Quando Jesus pregou para a mulher samaritana, na beira do poço, em Samaria, ela converteu-se e anunciou a Jesus em toda a cidade e muitos samaritanos se converteram.
Jesus, pois, utiliza o menosprezo de Israel aos samaritanos para exemplificar a redenção que Deus opera na vida de seus escolhidos:
Jesus, pois, incluiu um samaritano em sua história: "Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele. E, chegando-se, pensou-lhes os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele.
No dia seguinte, tirou dois denários (salário de um dia de trabalho) e os entregou ao hospedeiro, dizendo: Cuida deste homem, e, se alguma coisa gastares a mais, eu to indenizarei quando voltar".
Esse homem revelou sua fé com uma atitude coerente com o que conhecia da Bíblia da época. Os outros, apesar de serem ávidos leitores de "Moisés e os profetas" se revelaram incapazes de colocar em prática. Sua religião era litúrgica e mental. Jesus ensinava o caminho para uma vida espiritual prática e capaz de transformar o coração humano, dando-lhe calor, vigor e visão.
Jesus questionou o interprete da lei: "
Qual destes três lhe parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores?"
Ele respondeu: "O que usou de misericórdia para com ele". Jesus: "Vai, procede tu de igual modo!" Não somos salvos em função de nossas boas obras, porém nossas boas obras revelam que somos salvos. Quem é o meu próximo?
(José J. de. Azevedo, 13.2.2011)

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