Cinco séculos desde o descobrimento.
Cinco séculos de cobiça e de rapina.
Terras para a Coroa, almas para o Papa!
Cinco séculos de paisagens fustigadas,
Cinco séculos de idiomas silenciados.
Antes da alma florescer nestes trópicos
Antes de se forjar uma raça,
o que se vê é o louvor a deusa Cobiça!
Cinco séculos de entradas & bandeiras.
Cinco séculos de devastação
& corrupção.
Tribos escravizadas
Sob a chibata e o desterro,
depois os navios negreiros.
Cinco séculos avançando sobre os bosques
Incendiados da lua vermelha
refletida no rio-esgoto.
Cinco séculos de brado retumbante,
carnaval da corte,
os fidalgos e as negrinhas,
os engenhos e os bastardos.
A fúria, desbravadora dos sertões.
Bravura foi embora,
Liberdade? Apenas no coração selvagem!
A paz dos animais foi embora.
As aves silenciadas, minguado esterco
da monocultura, sua transgênica dança,
o rapto das sementes,
entorpecimento da razão.
Tambores silenciados.
A beleza que resta,
acuada nos rincões da pátria amarga.
Cruzando as fronteiras em busca
de um lugar que não existe mais.
Ah! Cinco séculos,
clama o sangue inocente!
Avança em pseudo- progresso,
feito de iniqüidade, escravidão e grilagem,
mordomias reais, sem-civilização,
sem-vergonha na cara.
Na pobreza das favelas,
No clamor das mãos erguidas,
Sobreviventes teimam sobreviver.
Corações exilados, confuso passado.
O presente formatado na tela medíocre da TV.
Meninos amargurados, suas mamadeiras de crack.
O delírio na orla do Leblon de cada cidade,
pó e pólvora,
onde elites devoram as riquezas da nação,
entoando perverso jogral: Corrupção!
Cinco séculos já se foram, para onde caminhamos?
Feliz aniversário, Bra&il!
José Julio de Azevedo, Setembro/2011
Cinco séculos já se foram, para onde caminhamos?
Feliz aniversário, Bra&il!
José Julio de Azevedo, Setembro/2011
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